terça-feira, 18 de junho de 2013

SD No aeroporto

Texto  No aeroporto
Construção de uma SA com foco em leitura a partir das estratégias:
Situação de Aprendizagem – “Leitura em diferentes contextos”


Objetivo geral:
Ø  Relacionar as diferentes linguagens a partir de um mesmo tema;

Competências e Habilidades:
Ø  Identificar e agrupar diferentes gêneros textuais;
Ø  Construir sentido global dos textos.

Número de aulas previstas: 4 aulas

Texto I: Letra da música Encontros e despedidas, de Milton Nascimento.
Ø  Leitura da letra da música;
Ø  Audição da música;

1)        Ativação de conhecimento de mundo
2)        Percepção de outras linguagens
Discussão oral:
Ø  O que o título da música sugere?
Ø  Em que outros locais acontecem encontros e despedidas?
Ø  Em que circunstâncias ocorrem encontros e despedidas?
Ø  Existem outras músicas que tratam do mesmo tema?
Ø  O ritmo tem relação com a letra apresentada?

Texto II: Texto No aeroporto.
3)        Antecipação ou predição de conteúdos ou propriedades do texto
Ø  O que se pode esperar de um texto com esse título?

Entrega do texto aos alunos.
A leitura deve ser compartilhada.

Após a leitura do primeiro parágrafo, checam-se as hipóteses levantadas pelos alunos.
No segundo parágrafo:
Ø  Quais palavras dificultam o entendimento do texto? Alguma delas impossibilita a compreensão ou se consegue entender o texto pelo contexto?
4)        Localização e/cópia de informações:
Após a leitura dos terceiro, quarto e quinto parágrafos:
Ø  Apareceram mais informações sobre o personagem Pedro?
Ø  É possível ter a certeza de quem ele é? Se sim, qual o trecho que confirma sua hipótese?
5)         Checagem de hipóteses
Leitura do último parágrafo.
Ø  As hipóteses levantadas foram confirmadas? Como?
6)        Elaboração de apreciações estéticas e/ou afetivas:
Ø  O final da história atendeu as suas expectativas? Por quê?
7)        Comparação de informações entre os textos Encontros e despedidas e No aeroporto
8)        Percepção de relações de intertextualidade e de interdiscursividade
9)        Elaboração de apreciações estéticas e/ou afetivas:
Discussão oral:
Ø  Pode-se comparar a crônica com a letra de música? Em que aspectos?
Ø   A forma de se estruturar o texto sobre o mesmo tema  é semelhante?
Ø  Qual texto acharam mais interessante? Por quê?
10)     Produção de inferências globais:
Música:
Quando se fala de “E assim chegar e partir.../São só dois lados/Da mesma viagem/O trem que chega / É o mesmo trem / Da partida...
No aeroporto:
“Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade e seu companheiro já vivido e puído...”
Ø  O que se pode inferir através da leitura dos versos da música e do fragmento? Há alguma relação de sentido entre eles?

Apresentação do vídeo  do programa de Astrid Fontenelle na GNT – Chegadas e partidas
11)     Atividade de sensibilização através da apresentação de entrevistas com pessoas em situações reais

Letra de música
Encontros e Despedidas


Mande notícias
Do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando...

Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero...
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega prá ficar
Tem gente que vai
Prá nunca mais...
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai, quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir...
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem
Da partida...
A hora do encontro
É também, despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida...
Lá lá Lá Lá Lá...
A hora do encontro
É também, despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a
vida...



Maria Elisabete Lopes Pereira, responsável pela publicação

SD   elaborada pelo grupo no encontro presencial ( Ana Maria Ortensi, Maria Estela Bonafim, Maria Elisabete L pereira, João Douglas)  Bauru.

Sequência didática Vó caiu na piscina

Texto  “VÓ CAIU NA PISCINA

Carlos Drummond de Andrade

Situação de Aprendizagem – “Leitura em semelhantes contextos”


Objetivo geral:
Ø  Relacionar semelhanças na narrativa a partir de um mesmo temática

Competências e Habilidades:

Ø  Identificar as semelhanças  apresentadas nos textos quanto  à:
Ø  A estrutura, foco narrativo e ao gênero dos textos?
Ø  Construir sentido global dos textos.

Número de aulas previstas: 6 aulas

Texto I: “VÓ CAIU NA PISCINA”

1)        Ativação de conhecimento de mundo
2)        Percepção das semelhanças presentes nas narrativas
3)        Percepção do uso da ambiguidade no texto, intencional ou não.
Discussão oral:
Ø  O que o título do texto sugere?
Ø  O que vocês acham que aconteceu com a vó?
Ø  Houve algum motivo desencadeador do fato?
Ø  O que você entendeu com a expressão “cair na piscina”?
Ø  O que levou o pai a não entender o que o filho dizia?

Texto II: LICENÇA, POR FAVOR

4)        Antecipação ou predição de conteúdos ou propriedades do texto
Ø  O que se pode esperar de um texto com esse título?
Entrega do texto aos alunos.
Após a leitura do primeiro parágrafo, checam-se as hipóteses levantadas pelos alunos.
Nos dos parágrafos 2º ao 10º
Ø  Qual palavra dificulta o entendimento do texto?
Ø  Alguma delas impossibilita a compreensão ou se consegue entender o texto pelo contexto?
Ø  Como a personagem é descrita?
Ø  O que levou as pessoas da fila a fazer um julgamento errado da personagem em questão?
Ø  Você acha que fato assim pode acontecer na vida real?

Após a leitura do último parágrafo:
Ø  Apareceram mais informações sobre o personagem?
Ø  É possível ter a certeza de quem ele é? Se sim, qual o trecho que confirma sua hipótese?
Ø  As hipóteses levantadas foram confirmadas? Como?
5)        Elaboração de apreciações estéticas e/ou afetivas:
Ø  O final da história atendeu as suas expectativas? Por quê?
6)        Comparação de informações entre os textos
7)        Percepção de relações de intertextualidade e de interdiscursividade
Discussão oral:
Ø  Pode-se  comparar as crônicas? Em que aspectos?
Ø   A forma de se estruturar o texto  é semelhante?
Ø  Qual  dos texto  acharam mais interessante? Por quê?

8)        Produção de inferências globais:
Texto I e II
Quando se fala de “Aquele velho não compreende mesmo nada”
Ø  O que se pode inferir através da leitura do fragmento?
Ø  Há alguma relação de sentido entre os textos?
Ø  Vocês acham que houve preconceito por parte das pessoas que estavam na fila?
Ø  O uso da pontuação, interferiu  na fruição e no entendimento do texto?
Ø  Se o texto fosse narrado em 3º pessoa teria o mesmo efeito? Por quê?


TEXTO II
                                                           LICENÇA, POR FAVOR

De camisa vermelha, calça branca, óculos escuros e cara de garotão de vinte anos, ele foi entrando por entre as pessoas que se comprimiam na fila enorme.
- Com licença, minha senhora... licença, senhor.
-Calma aí, ô moço. A fila é lá atrás.
- Bem...  é que eu...
- Não tem bem nem mal – protestou  a senhora; se quer consultar tem que fazer como todo mundo: entrar na filha.Ou o senhor acha que é mais bonito que os outros?
- Não... não é isso... É que eu... - tentava explicar um pouco confuso o garotão
É isso aí, dona. Não deixa  furar não! – gritou um sujeito com cara de fome, o penúltimo da fila.
-Manda o bonitão pra trás! – emendou o outro.
- Tudo certo, minha senhora, mas acontece que eu vou entrar. E se não me deixarem passar, não vai haver consulta para ninguém.
Aí, um tipo sério, de óculos pequenos e bigodes torcidos, enfezou:
- Agora já é demais. O senhor está pensando o quê? Acha que é o papa? Presidente da república? Delegado? Rei da Inglaterra? Técnico da seleção?
- Não... não... quem  me dera! – Respondeu rindo o furão.  Infelizmente eu sou o médico e, se os  Senhores e as  senhoras  permitirem,vou entrar nesta sala, trocar de roupa e começar a atender as consultas. Com licença, por favor...

                                                                      Fernando R. Fillol

Maria Elisabete Lopes Pereira

Situação de Aprendizagem - "Avestruz"

Situação de Aprendizagem
Crônica: Avestruz  (Mario Prata)

Público Alvo: 6º ano (Ensino Fundamental - Anos Finais)
Tempo previsto: De 2 a 6 aulas.
Conteúdos e temas: Traços característicos de crônica narrativa, elementos da narrativa,
comparação entre gêneros (crônica e sinopse).
Competências e habilidades: Explorar, desenvolver e ampliar as capacidades de leitura.
Estratégias: Leitura compartilhada, pesquisa na internet.
Avaliação: Produção de uma narrativa: Meu animal de estimação.

ANTES DA LEITURA
Desenvolvimento das capacidades de compreensão
1.       Ativação dos conhecimentos prévios dos alunos.
Antes da leitura do texto propriamente dito, serão feitas perguntas sobre o assunto da crônica.
a) Vocês têm algum animal de estimação?
b) Quais animais de estimação são considerados exóticos?
c)  Você conhece um avestruz?
d)    Como você imagina que seja esse animal?
e)     Do que se alimenta?

2.       Antecipação ou predição (Levantamento de hipóteses sobre o texto)
1.      Apresentação do título:
Apresentar o título do texto “AVESTRUZ”, anotar algumas opiniões na lousa.

Através de perguntas, explorar o título do texto:
 O que esse título sugere?
 Pelo título, dá para imaginar qual é o assunto da crônica?
Como será o ambiente onde ocorre a história?

2.       Informações sobre o autor: Mario Prata
(Essas informações poderão ser apenas expostas oralmente ou pesquisa )

Biografia
Mario Prata é um escritor, dramaturgo, jornalista e cronista brasileiro. É natural de Uberaba, Minas Gerais, mas viveu boa parte da infância e adolescência em Lins, interior de São Paulo. Em mais de 50 anos de escrita, tem no currículo 3 mil crônicas e cerca de 80 títulos, entre romances, livros de contos, roteiros e peças teatrais. Na carreira, recebeu 18 prêmios nacionais e estrangeiros, com obras reconhecidas no cinema, literatura, teatro e televisão.

DURANTE A LEITURA
3. Checar as hipóteses: Ler a crônica para os alunos, (cada aluno com sua cópia)
Durante a leitura compartilhada da crônica, retomar as hipóteses (antecipações) levantadas para verificar
se elas foram ou não confirmadas.
“AVESTRUZ”, Mário Prata
  
O filho de uma grande amiga pediu, de presente pelos seus 10 anos, um vestruz. Cismou, fazer o quê? Moram em um apartamento em Higienópolis, São Paulo. E ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era minha. Sim, porque foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino conheceu os
avestruzes. Tem uma plantação, digo, criação deles. Aquilo impressionou o garoto. Culpado, fui até o local saber se eles vendiam filhotes de avestruz.
E se entregavam em domicílio. E fiquei a observar a ave. Se é que podemos chamar aquilo de ave. O avestruz foi um erro da natureza, minha amiga. Na hora de criar o avestruz, Deus devia estar muito cansado e cometeu alguns erros. Deve ter criado primeiro o corpo, que se assemelha, em tamanho, a um boi. Sabe quanto pesa um avestruz? Entre 100 e 160 quilos, fui logo avisando a minha amiga. E a altura pode chegar a quase 3 metros - 2,70 para ser mais exato. Mas eu estava falando da sua criação
por Deus. Colocou um pescoço que não tem absolutamente nada a ver com o corpo. Não devia mais ter estoque de asas no paraíso, então colocou asas atrofiadas. Talvez até sabiamente para evitar que saíssem voando em bandos por aí, assustando as demais aves normais. Outra coisa que faltouforam dedos para os pés. Colocou apenas dois dedos em cada pé. Sacanagem, Senhor! Depois olhou para sua obra e não sabia se era uma ave ou um camelo. Tanto é que, logo depois, Adão, dando os nomes a tudo o que via pela frente, olhou para aquele ser meio abominável e disse: Struthio camelus stralis. Que é o nome oficial da coisa. Acho que o struthio deve ser aquele pescoço fino em forma de salsicha. Pois um animal daquele tamanho deveria botar ovos proporcionais ao seu corpo. Outro erro. É grande, mas nem tanto. E me explicava o criador que os avestruzes vivem até os 70 anos e se reproduzem plenamente até os 40, entrando depois na menopausa. Não têm, portanto, TPM. Uma fêmea de avestruz com TPM é perigosíssima!
Podem gerar de dez a 30 crias por ano, expliquei ao garoto, filho da minha amiga. Pois ele ficou mais animado ainda, imaginando aquele bando de avestruzes correndo pela sala do apartamento.
Ele insiste, quer que eu leve um avestruz para ele de avião, no domingo. Não sabia mais o que fazer.
Foi quando descobri que eles comem o que encontram pela frente, inclusive pedaços de ferro e madeiras. Joguinhos eletrônicos, por exemplo. Máquina digital de fotografia, times inteiros de futebol de botão e, principalmente, chuteiras. E, se descuidar, um mouse.
Parece que convenci o garoto. Me telefonou e disse que troca o avestruz por cinco gaivotas e um urubu.
Pedi para a minha amiga levar o garoto a um psicólogo. Afinal, tenho mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz.

4. Localização de informações:
Solicitar que os alunos grifem as palavras relacionadas ao avestruz:
a) Vocabulário referente à Avestruz;
b) Descrição e hábitos da ave.

5. Comparar informações:
Poderão ser feitas algumas perguntas ou discussões coletivas para estimular o aluno a comparar/contrastar informações presentes no próprio texto.

6. Produção de inferências
Esse é um momento onde o aluno poderá também inferir sobre o nome científico da ave ou sobre outras aves e ou animais, cujos nomes são estranhos para eles.

7. Produção de inferências globais
Chamar atenção para algumas pistas presentes no texto. Ex.: repetição da palavra avestruz; a Ironia (o próprio uso de vocabulário avestruz, uma ave, aquele ser meio abominável, Struthio, bando de avestruzes, gigolô de avestruz), etc.

DEPOIS DA LEITURA
8. Generalização:
O que o autor pretendeu com esse texto?
Será que é possível ter um avestruz como bicho de estimação?
O que o autor defende? Como eles chegaram a essa conclusão?

9. Comparação e percepção de relações
a) Levar os alunos a sala de informática, onde deverão pesquisar sinopses de
filmes com animais de estimação, principalmente animais exóticos.
b) Nesse momento aluno poderá relacionar a crônica com as sinopses
pesquisadas. 
  
10. Sugestão: Filme
Meu monstro de estimação”
Direção: Jay Russell 
O aluno poderá fazer uma sinopse sobre o filme e comparar com a crônica em estudo.

11. Produção Narrativa:
 “Meu animal de estimação”

  Cursista:  Angélica Maria Francisco Aguiar

Sequência Didática - Cursista: Telma Aparecida Moraes


Situação de aprendizagem

Meu Primeiro Beijo

Antonio Barreto

É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem? Com a Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...

Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:

“Você é a glicose do meu metabolismo”.

Te amo muito!

Paracelso"

E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era outro apelido dele. Assinou com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher... E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar.

No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus, veio com o seguinte papo:

- Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? - Fiz cara de desentendida.

Mas ele continuou:

- Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos:

- A gente também gasta, na saliva, nada menos que 09 mg de água; 0,7 mg de albumina; 0,18 g de substâncias orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo menos 250 bactérias...

Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos.

E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos, o abismo do primeiro beijo.

Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por vária semanas. Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltaram, o tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram... e foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!

BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6.
 

O PRIMEIRO BEIJO

Clarice Lispector

Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco se iniciara o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.

- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:

- Sim, já beijei antes uma mulher.

- Quem era ela? Perguntou com dor.

Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.

O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.

E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir,  gritar, pensar, sentir, puxa vida! Como deixava a garganta seca.

E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.

A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.

E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes, mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.
Não sabia como e por que, mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.
O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede, mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.

De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.

Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.

E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.

Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.

Ele a havia beijado.

Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.

Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.

Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...

Ele se tornara homem.

(In "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998)

 

Objetivos:

Estabelecer relações entre o lido, o vivido e o conhecido (conhecimento do mundo)

Inferir características do poema, imagens, música e do texto Primeiro Beijo de Clarice Lispector, trabalhando a intertextualidade da crônica Meu primeiro Beijo de Antonio Barreto.

Conteúdos:

Elementos da narrativa: narrador, enredo, personagens, tempo , espaço .

O mesmo tema trabalhado com diversos gêneros

Tempo estimado:

Seis aulas

Público-alvo:

7º ano

Desenvolvimento

1ª Etapa: Antecipação e sensibilização – Perguntar aos alunos se eles assistem a novela Carrossel e a música – Beijo. Colocar a música para que eles ouçam e cantem. Após ouvir a música, conversar com os alunos sobre o tema, se eles sabem identificar sobre qual o assunto...


2ª Etapa: Distribuir a gravura e imagem do filme Meu primeiro amor para que eles comentem, e façam uma relação com a música já ouvida e comentada. E pedir para que os alunos produzam frases que interpretem a leitura de imagem que cada um faz.

 
 


 
 

 



3ª Etapa: Análise da crônica Meu primeiro Beijo de Antonio Barreto, fazer uma leitura compartilhada/fragmentada, para que eles possam manifestar suas opiniões, decodificando sua compreensão e os elementos do texto.

4º Etapa: Análise de todo o material trabalhado até o momento, para que eles apresentem suas questões sobre os gêneros, fazendo uma relação entres eles. Instiga-los a fazer uma relação entre o conteúdo dado com a vivência de cada um.

AVALIAÇÃO: Nesse último momento, pedir uma produção de texto sobre o tema abordado, pode ser uma narrativa, um pensamento ou uma opinião, para que eles coloquem e finalizem o conhecimento adquirido após as leituras e interpretações do conteúdo trabalhado.

 

 

sexta-feira, 7 de junho de 2013

A leitura  é o que move nossa vida e ajuda a formar a nossa personalidade e toda forma de entrar em contato com ela e eficaz. Lembro- me de uma atividade que fiz com os 6º anos. Depois de fazer vários trabalhos com contos populares, os alunos trouxeram os avós para contar suas histórias. fizemos uma roda de conversa  sobre o tempo dos avós e  eles contaram os seus contos preferidos, foi um sucesso, os alunos gostaram muito. Os avós sentiram elogiados e satisfeitos por participar, e os alunos criaram vários contos que foram encadernados e colocados na biblioteca da escola. O interesse pela leitura dos colegas despertou interesse nos alunos que depois disso passaram a frequentar mais a biblioteca da escola. Fica a sugestão.a leitura  é o que move nossa vida e ajuda a formar a nossa personalidade e toda forma de entrar em contato com ela e eficaz.

Maria Elisabete L. Pereira, professora


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Perfil do grupo





 Angelica Maria Francisco Aguiar
Estou há 23 anos na rede estadual, trabalho com turmas do ensino fundamental II.
Não tenho muitas expectativas relacionadas ao curso, pois percebi que nos três dias

do encontro presencial todos os vídeos compartilhados já tinha assistidos.As atividades

propostas nas oficinas não apresentaram nenhuma novidade. As estratégias apresentadas, pelos 

próprios professores, não são diferentes das que já utilizo. Portanto, percebo que se for nesse

mesmo ritmo a aprendizagem não será muito significativa. É um "resgate".
      

        Kátia Cristina Martins Tarone

Leciono mais de 20 anos, morava em Guarulhos, estou morando em Agudos, sou formada em     magistério, letras, pedagogia, e pós em gestão de recursos humanos, sempre é bom aprender, trocar experiências.
Gosto de teatro, cinema, livros.

          Maria Elisabete Lopes Pereira
          Eu sou uma pessoa alegre, espontânea, que gosta de trabalhar com leituras.  Eu tenho 3 filhos e 1 netinha encantadora que só transmite momentos maravilhosas para a minha vida. A minha família é o meu porto seguro.

           TELMA APARECIDA MORAES
           Olá Cursistas! Sou professora da rede de ensino há 20 anos, me formei em Araçatuba (cidade Natal) na    Instituição Toledo de Ensino.
Gostaria de acreditar que este curso realmente viesse a acrescentar algo na minha formação, mas confesso que estou descrente quanto a isto. Só que, compromisso é compromisso e tentarei dar o meu melhor.
Bom curso a todos!


terça-feira, 4 de junho de 2013

Experiência de leitura

Engraçado, não foi através da escola que me apaixonei pela leitura. Não gostava de ler, pois tinha um problema de trocas de fonemas, então ler para mim era penoso; também não gostava dos livros que eles nos pediam para ler, era uma coisa imposta e eu nunca gostei muito de coisas impostas.

Foi através de uma amiga que comecei a gostar de ler, ela lia fotonovelas,  e me apresentou uma revista quinzenal (se não me engano) chamada Jacques Douglas, eu adorava o galã da história, além de ser lindo, tinha um senso de humor incrível. Comecei a devorar essas revistas, lia e relia várias vezes.

A parir daí comecei a ler gibis, revistas, livros, poesias. Lia no banheiro, durante o almoço, em ônibus, em casa, e foi através da leitura que percebi que podia viajar para vários lugares, conhecer novas culturas, comecei a me questionar o que eu queria ser, o meu lugar no mundo, etc.

Escrever também foi uma experiência dolorosa, mas quando comecei a ler tudo que me caia nas mãos, percebi que escrever era apenas uma consequência, naquela época ainda existiam “cartas”, como viajava muito, fazia muitos amigos, então mandava cartas para todo mundo, como era gostoso aguardar o carteiro, era um prazer!!!! Meu irmão mais velho foi primordial nesta etapa da minha vida, eu mandava as cartas para ele e ele as mandava de volta com as correções, principalmente me alertando sobre o problema da troca de sílabas/fonemas.



“A leitura torna o homem completo; a conversação torna-o ágil e o escrever dá-lhe precisão”, essa frase de Francis Bacon traduz  exatamente o que penso sobre as possibilidades  que o homem tem se comunicar, seja através da leitura, da escrita, da fala...

Telma Aparecida  Moraes